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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Elias - Um Tipo do Arrebatamento

Observando o grandioso arrebatamento de Elias, ainda na dispensação da Lei, temos marcante profecia dos eventos dos últimos dias. Em Elias temos o modelo de prontidão, uma vez que ele foi o único homem que, de antemão, sabia do seu arrebatamento. Ele sabia do fato, e provavelmente da data que iria acontecer, e compartilhou essa informação com outros que o acompanhavam. Passo a passo, ele (como Enoque) andou com Deus: “o Senhor me mandou a Betel”; “O Senhor me enviou a Jericó”; “O Senhor me enviou ao Jordão” (2 Reis 2:2). 

Assim como Filipe - o homem arrebatado pelo Espírito (Atos 8:39) - é um tipo da alma arrebatada que buscava os perdidos, assim Elias é um tipo da alma que trabalhava no estabelecimento dos santos quando isso aconteceu. Ele combateu o rápido surgimento da apostasia em seu tempo, através do estabelecimento de locais de devoção e estudo nas escolas dos profetas. Elias amou aqueles que foram deixados para trás; e era ávido por deixar o melhor de si. Falava (com Eliseu) apenas de assuntos que não fossem incompatíveis com a faísca instantânea da presença de Deus; testemunhou pelo Senhor sem medo, esperou Nele sem desanimar – “Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, o achar fazendo assim” (Mt 24:46). Podemos, viver assim, como ele viveu, de forma que a contemplação do Advento seja pura alegria. 

Subitamente uma multidão de nuvens, o estrondo do trovão; um repentino tornado – uma carruagem de fogo – dois profetas separados – o arrebatamento de um profeta – um manto derrubado – um céu aberto – a tempestade acabou, e um profeta se foi. Assim são os ‘Elias’ – ‘senhores fortes’, que dominam o pecado e determinam, até certo ponto, o próprio destino. Eles desaparecem. Pelo milagre da transladação, pela santidade que tornou esse milagre possível, Elias fez mais pelos filhos dos profetas que talvez toda a sua vida e ensino jamais fizeram. 

Mas, nessa ocasião, uma memorável pista é dada do arrebatamento que ainda iria ocorrer. O Espírito coloca grande ênfase na palavra ‘dois’. “Ambos foram juntos”; “ambos pararam junto ao Jordão”; “passaram ambos em seco”. Temos então dois homens.  O Salvador, tempos depois, disse: “então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro... PORTANTO VIGIAI” (Mt 24:40). 

A separação das águas do Jordão ocorreu apenas três vezes, e em todas elas havia uma implicação do arrebatamento parcialmente revelada. Josué, um tipo da entrada dos vivos na Terra Santa pelo arrebatamento; Elias, um sinal de sua própria iminente remoção; e, então Eliseu; passando por um leito seco onde o Rio da Morte fluía se esvaziando no Mar Morto

“Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará” [2 Rs.2:10], disse Elias a Eliseu quando ele pediu uma porção dobrada do Espírito. Enorme será essa necessidade para aqueles que forem deixados (Ap 3:18, 5:6); e, uma incalculável herança pode ser legada àqueles que seguirem os nossos passos, e finalmente participarem do nosso desaparecimento. O Espírito é derramado (como o manto) em Eliseu do alto dos céus abertos, e ele segue para realizar exatamente o dobro (dezesseis) dos milagres de Elias.  Por seguir de perto os passos de Elias, recusando ser abalado, bebendo profundamente do espírito de Elias, Eliseu “levantou o manto, feriu as águas, e elas foram dividiram para um e outro lado” – a natureza reconheceu o magnífico domínio que vem de Cristo – “e Eliseu passou.” No momento que o discípulo recebe o espírito de Elias ele participa do seu arrebatamento.  Enquanto Elias é uma rosa madura, Eliseu é um botão de rosa; mas tanto as primícias como a colheita serão reunidos no final, conforme vemos em Apocalipse 15, versículo 3. 

Muito instrutivos também são os dois grupos que permanecem – os filhos de Deus ainda na terra; e um mundo escarnecedor. Os Filhos dos Profetas, olhando dos alpendres mais altos, não creram na palavra profética que esteve nos lábios de Elias (2 Reis 2:5). Quando o arrebatamento ocorreu, ainda assim não acreditaram. Como foi algo invisível, organizaram um grupo de busca de montanhistas resistentes, para vasculhar a passagens da montanha e desfiladeiros íngremes onde o tornado poderia ter lançado o corpo de Elias. Então Eliseu, amadurecendo para o arrebatamento, fica envergonhado da falta de fé dos seus companheiros crentes (2 Reis 2:17). O único homem que vai encontrar o corpo de Enoque, de Elias ou do nosso Senhor é o homem que, compartilhando do espírito deles, for arrebatado para seu lar. 

É surpreendente observar os comentários Cristãos da atualidade, que prefiguram a incredulidade que virá por parte dos crentes não arrebatados. Alguns Cristãos explicam de diversas formas o desaparecimento de Elias. Uma explicação é que “ele pode ter sido atingido por um raio, ou carregado por um furacão, um tornado ou uma tromba d’água. Ele pode ter sido enterrado na areia, atirado no vale, ou no Jordão. Talvez possa ter sido carregado em uma carruagem pelos guardas do rei; ou se perdeu em uma nuvem descendo da montanha, e estava ainda vivo. Ainda, essa narrativa pode ter sido apenas uma visão que Eliseu teve em seu sono, durante o qual Elias o deixou” (citando Keil e Bertheau). 

Mas o mundo não será um lugar para os santos no tempo do fim. O mundo conhece, mas escarnece do arrebatamento. “Sobe, calvo! Sobe, calvo!” [2 Rs 2:23], gritaram arruaceiros para o Eliseu não arrebatado. “Sobe!”, ascende onde o seu mestre foi, porque você foi deixado? Vá embora! O mundo vai bem sem você. Os não vigilantes “vão andar nus, e os homens verão sua vergonha” (Ap.16:15). Isto ocorre em Betel, cidade cujo nome tanto Oséias como Amós mudaram de ‘Betel’, a Casa de Deus, para ‘Bete-Áven’, a Casa dos Ídolos. 

O arrebatamento surge em um pano de fundo de apostasia; e os escarnecedores do arrebatamento vão falar sob a sombra do Ídolo do grande escarnecedor, o Anticristo. “E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu” (Ap.13:6) – os arrebatados, que agora estão longe do seu alcance. 

Eliseu suportou o insulto por um tempo, então – evidentemente por uma direção de Deus em seu interior – se voltou; e, não no seu próprio nome, mas no de Deus, lançou a maldição, que é exatamente um dos julgamentos dos apóstatas, e uma das aflições da Grande Tribulação: “Se andardes contrariamente para comigo e não me quiserdes ouvir... enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão” (Lv 26:21); “então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles”; assim como Deus, no tempo do fim, vai matar “por meio das feras da terra” (Ap 6:8).

Assim, os ardentes e santos Elias permanecem diante de nós, como uma repreensão a toda a ideia de um arrebatamento fácil e imaturo. As tradições religiosas tentam encobrir a severidade dessa doutrina. Alguns pensam que o mais ultrajante apóstata - o crente excomungado por fornicação ou bebedice e dado a Satanás para destruição da carne - está ‘pronto’, e será chamado em um momento, como algo pra ele de alegria inigualável, para a presença do Senhor [1 Co 5:1-5; 1 Pd 1;8]. 

Alguns ensinam que todos os crentes da presente Dispensação serão glorificados no momento da volta do Senhor. Tentando uma solução alternativa, asseveram que, no final, todos os crentes vivos serão, por um ato excepcional da graça de Deus, tornados obedientes, santos e vigilantes. Isto é, ao menos, uma franca admissão de que eles não o são agoraSem qualquer dúvida, o irmão incestuoso (por exemplo) era crente, e, se ele tivesse morrido no seu pecado, teria aparecido diante do Senhor excomungado.


Extraído do livro "Rapture" (Arrebatamento) - D.M.Panton

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Arrebatamento

Como esta presente era vai acabar? “Não pelo estampido da revolução”, diz um conhecido professor Cristão, “mas pela escada em espiral da evolução, então o mundo poderá passar para uma perfeita ordem e beleza. A ilha de corais da era de ouro não tardará muito a emergir sob a superfície de águas tempestuosas”. Ou, como outro escritor coloca: “Meu desejo é que pudéssemos alcançar o ideal Cristão de destruir a Igreja (1) permitindo que todo o mundo se torne uma Igreja”. 

Mas a Palavra de Deus é a única que pode julgar antecipadamente o futuro: Porque “temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atende-la, como uma CANDEIA que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2 Pedro 1:19).

Esse problema é definitivamente resolvido em uma parábola do nosso Senhor. Ele compara o mundo com um campo, o trigo semeado no campo são os filhos do Reino, o joio são os filhos do Maligno; a colheita é a Consumação do Século, e os ceifeiros são os anjos. Aqui estão as palavras supremas e decisivas: “DEIXAI-OS CRESCER JUNTOS [trigo e joio] ATÉ A COLHEITA” (Mateus 13: 30,38). 
Isso derruba toda a teoria da evolução gradual até o Dia do Senhor: 
(I) Porque o mundo na “Colheita” será um mundo malhado - trigo amarelo e joio preto - manchado com cores bruscamente contrastantes; e não um globo laminado na luz. O momento do Advento será a revelação das trevas mais densas da terra. “Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos” (Isaías 60:2). 

(2) “Pela escada espiral da evolução”: - isto supõe que todo o joio evolui no final para trigo. Mas o crescimento silencioso do trigo e do joio evolui para o fruto, e não para uma mudança de natureza: o joio venenoso amadurece para o fogo; o trigo amadurece para o celeiro. “atai o joio em feixes para ser queimado, mas, o trigo, recolhei-o no meu celeiro(2).

(3) “Não pelo estampido da revolução”; isto é, por forças exteriores, mas por justiça interior, o mundo será salvo. O Filho do Homem, assentado nas nuvens, deixará descer uma rápida sucessão de anjos ceifeiros, varrendo a terra com uma poderosa segadeira: não evolução, mas uma revolução, governada por perfeita santidade, controlada por perfeita justiça, e esclarecida com perfeito discernimento, pode sozinha desalojar a iniquidade do império do mundo. “Porque os retos habitarão a terra, ...mas os aleivosos(3) serão dela desarraigados”.

1 - Provavelmente o escritor se refere a estrutura física da Igreja (Nota do Tradutor).
2Primeiro ajuntai o joio, atai-o em feixes: não quer dizer que o joio é colhido antes do Trigo, porque, tanto na natureza, como na graça, Vindima segue a Colheita. Na Síria a cevada é colhida em Abril, e trigo em Maio, e a vindima segue no final de Agosto. Então em Apocalipse 14, nós temos as Primícias (ver.4); então a Colheita (ver.15); e finalmente a Vindima (ver.18).
3 - Aleivosos – desleal, pérfido, fraudulento, traiçoeiro, calunioso (nota do tradutor).

Extraído do livro "Rapture" (Arrebatamento) - D.M.Panton


domingo, 13 de setembro de 2015

Quem Foi G.H. Lang



G.H.Lang (1874 - 1958)

Um Calebe Moderno
"ele perseverou em seguir-me"
Números 14 v.24

Dois homens corajosos nasceram em 1874; Churchill e G.H. Lang. O dia 20 de novembro marcará o centenário daquele professor da Bíblia lúcido e poderoso - GH Lang. Ele nunca foi chamado ante reis ou juízes, mas era uma raridade - um homem que ensinou aquilo que realmente acreditava, e viveu o que ensinou, independentemente das consequências. Esta simples coragem era para ele algo comum. Deus era seu pai, e sabedoria de pai é sempre boa. Recomendo a idéia para todos nós. Isso nos livrará de muitas mágoas, se recusarmos a olhar para os perigos, mas olhar simplesmente para Deus.

Sua infância foi passada em um lar cristão em Greenwich, Bennondscy e Sidcup (Inglaterra). Na idade de sete anos e meio ele confiou no Salvador; e dessa experiência ele escreveu: "foi tão real que ainda é vívido depois de 70 anos como se tivesse acabado de acontecer." A primeira de muitas aventuras, quando começou a aprender a ser guiado pelo Pai, ocorreu quando tinha cerca de 13 anos de idade, e foi atacado por uma gangue de bullying. Ele contou depois: "Eu estava prestes a responder quando algo forte me aconteceu. Surgiram em meu coração palavras que eu não tinha nenhuma lembrança de ter ouvido antes 'A resposta branda desvia o furor'. Eu mudei minhas táticas, respondi calmamente, e fui autorizado a ir para casa sem danos. Essa experiência foi um fator determinante para os próximos 60 anos. Tenho tido como certo que Deus irá trabalhar, falar, orientar e ajudar, e que a Bíblia é o meio que Ele escolhe para usar em Suas mensagens. Eu ouvi Sua voz no Livro não uma, mas muitas vezes." 

Em 1899 foi funcionário de um avaliador de seguro com muito boas perspectivas, mas um dia foi dada a ele uma tarefa que tocou sua consciência. Ele foi pedir conselhos a um amigo, quando uma voz disse "Instruir-te-ei..." (Salmo 32:8), então voltou para casa e esperou alguns dias. No dia 27, a Voz disse "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Cl.3:7). Ele percebeu imediatamente que não poderia fazer o trabalho demandado. Em 1 de junho, escreveu a sua carta de demissão, sem ter qualquer outro trabalho em vista. Eu me lembro dele me dizendo: "A tinta não tinha secado ainda na carta, quando uma paz profunda encheu minha alma." 

Ele prometeu ao Senhor aceitar qualquer trabalho a que fosse conduzido; "até então", ele me disse: "Eu disse que eu iria dedicar todo o meu tempo a Seu serviço." Seus olhos brilharam quando ele continuou: "Eu ainda estou esperando por esse trabalho." Assim, por 54 anos, serviu a Deus em muitas terras: Grã-Bretanha, Índia, Birmânia, Egito, Tunísia, Palestina, Síria, Escandinávia, Alemanha, Polônia, Romênia e outros lugares. Trabalhou no ensino, escrita e foi muito prezado por todos do seu grande círculo de amizades, aconselhando centenas de crentes a uma vida de total dedicação a Cristo.

Sua quase que última viagem foi para o casamento do nosso amigo George Patterson em 1953. Em 1954, aos 80 anos de idade, ele me disse que o Senhor havia dito a ele que suas jornadas tinham terminado, então começou a publicar uma nova revista, "O Discípulo", distribuída gratuitamente a todos os que desejassem lê-la em espírito de oração. Cada edição era publicada somente quando o Senhor enviava o dinheiro. Tenho um conjunto completo, 22 números, mais de 950 páginas; perto de meio milhão de palavras, mais de metade do tamanho da Bíblia, em grande parte escrito por meio da caneta de um homem doente em seus 80 anos. 

George Lang escreveu 14 livros importantes, e inúmeros folhetos, três dos quais foram publicados pelo Enfield Christian Bookshop! Lembro-me dele dizendo: "Nenhum homem deveria escrever um livro até os 40. Ele precisa provar suas teorias na prática antes da publicação." Todos, menos nove de seus muitos escritos foram publicados depois que ele chegou aos 50.

Seus pontos de vista sobre as profecias e o porvir não tinham aceitação universal: seus pontos de vista sobre a Igreja, as exposições mais lúcidas das escrituras que eu vi, são inaceitáveis ​​para a maioria dos cristãos denominacionais e seus líderes. Ele confiava sua reputação a Deus, e quando as portas se fechavam, encontrava outras abertas pelo Senhor! Ele sempre se manteve estritamente em silêncio diante dos homens sobre o tema de suas necessidades financeiras. Ele realmente viveu pela fé.

Provavelmente seus livros mais influentes foram a biografia de "Anthony Norris Groves" (1939) e "As Igrejas de Deus" (1928). Em minha opinião, todos os crentes devem lê-los antes do seu 25o aniversário. Assim, eles evitariam ter de desaprender muito depois em outro momento da vida. 

A espiritualidade determinada, graciosa e tranqüila de Lang, resultou de um amor por Cristo, que valorizava, mais do que qualquer outra coisa, o grande dom que o Salvador ressuscitado lhe dera, a unção pessoal do Espírito Santo, que segundo ele ocorreu no 30º ano de sua vida.

Os títulos de alguns dos seus melhores panfletos são provas desta grande preocupação; "Os direitos do Espírito Santo na Casa de Deus"(1938); "Deus trabalha em suas próprias linhas"(1952); "A Habitação pessoal do Espírito Santo"(1954); "Orar é trabalhar"(1918).  

F.F. Bruce conclui seu epílogo da edição póstuma da biografia de Lang assim: "Ele toma o seu lugar seguro nas fileiras daqueles a quem somos convidados a levar em conta: Lembre-se de seus guias, que falaram-lhe a Palavra de Deus, considere o resultado de sua vida, e imitem a sua fé. "(Hb.13:7).

Tenho tido sorte de conhecer várias pessoas totalmente dedicadas a Cristo. G.H. Lang era um deles. Agradeço a Deus por sua memória.


Extraído de texto de M.Collier.