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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O Segredo da Verdadeira Adoração

Antes de encerrar, gostaria de colocar outra coisa. O próprio Cristo é a base da adoração. Se o prazer e satisfação de Deus é o que está em vista, o que mais podemos trazer que vai atingir esse objetivo? Podemos trazer qualquer coisa que vá satisfazer a Deus? Sabemos que não. Nada do que pode satisfazer a Deus pode ser encontrado em nós. Existe apenas Um do qual o Pai é capaz de dizer, “em Ti me comprazo”. Apenas Cristo responde a todas as demandas de Deus. Apenas Cristo pode satisfazer o Pai. Então se a igreja deve ter essa função – quando falo da igreja, falo de uma companhia de crentes individuais unidos em um Espírito e vida; o termo “individual” não perde seu significado no Corpo – se a igreja é chamada para essa vocação maravilhosa e celestial de trazer satisfação a Deus, e Cristo apenas pode fazer isso, então o ponto essencial obviamente é que Cristo deve nos suplantar. Devemos sair do caminho para que Ele possa entrar. Então voltamos ao início.

Se a adoração é alcançar o grande clímax do fim, se Deus vai vir diretamente para os Seus; e se esse tempo está se aproximando e se delineando, então isso significa que Deus vai se esforçar cada vez mais para deslocar aquilo que o Anticristo prende. Para tanto, uma das coisas mais profundas nos tratos de Deus com Seu povo no tempo do fim é obter espaço para Cristo, e mais e mais espaço para Ele. Ele está nos colocando para fora progressivamente. Ele está nos trazendo a tal fraqueza, impotência, desamparo, incapacidade, tolice, que talvez sejamos o estoque de piadas do mundo. Não sabemos, não somos capazes de fazer. Será que isso está certo? Será que o povo de Deus deve ser assim? Será que deles mesmos, nunca sabem nada ou não podem fazer nada? Bem, por mais dolorosa e humilhante que seja essa proposição para nossas naturezas, é exatamente isso; e é isso que significa perder a nossa alma. Mas o ponto no momento é, para que tudo isso? Apenas para dar espaço a Cristo, dar mais espaço a Cristo. É pelo que Ele é que Deus será glorificado, pelo que Deus vê nEle, não no que o homem vê nEle. Acredito que isso seja o que está por trás daquela afirmação dEle, “Eu, porém, não aceito humano testemunho” [Jo 5:34]. “Outro é o que testifica a meu respeito” [Jo 5:32]. 

Os homens podem chegar a suas conclusões a respeito dEle, podem ter suas estimativas e podem testemunhar para Ele; dizer isso ou aquilo a respeito dEle, mas o julgamento deles do que Ele é, seja bom ou ruim, é puramente um julgamento natural, e não é isso que importa. Oh, quão absoluto era Cristo! O que leva um homem com uma humanidade sem pecado a não ficar nem um pouco satisfeito interiormente quando alguém está dando uma boa opinião sobre ele, dizendo algo agradável, dando testemunho de que ele é alguma coisa. Mas Ele podia dizer, ‘O que os homens pensam, bom ou mau, não Me toca. Eu sei o valor disso; sei que isso não vai muito longe; isso iria Me colocar em uma posição totalmente falsa. Hoje eles podem clamar: “Hosana!” Amanhã vão clamar, “Crucifiquem-no!” Suponha que tivesse ficado eufórico com seus clamores: “Hosana!” Onde estarei amanhã? Eu não recebo o testemunho do homem, Eu vivo diante de Deus.’

É uma grande coisa viver diante de Deus. Hoje o Senhor está buscando nos conformar com essa imagem, que é, dar lugar àquele Cristo, tendo como resultado que Cristo terá um grande espaço em nós, e isso trará uma grande medida de prazer ao Pai; isso é trazido ao Pai é adoração. Amado, não é apenas o que falamos que é louvor; porque apesar de nossas palavras poderem ser uma verdadeira e aceitável oferta, o que o Senhor está buscando nesse tempo, e o que nós devemos pedir a Ele que produza em nós, é a verdadeira medida do Seu Filho. Uma vida que é uma oferta aceitável a Deus, é a vida em quem Cristo tem um grande lugar. Então essa autenticidade do louvor não é meramente a sinceridade da expressão, ou a pureza das motivações, ou intensidade da expressão, mas é o que está surgindo de uma vida que passou pela disciplina, de um espírito quebrado e contrito; saindo daquilo que foi esvaziado, derramado, drenado, enfraquecido, ferido, dando lugar ao Senhor, uma grande medida de Cristo. Possa o Senhor ter isso em nós.

Essa é a igreja e isso é o que o Senhor está buscando encontrar em nós pelos Seus tratos conosco, e, por mais estranho e contraditório possa parecer, é nesse quebrantamento, esvaziamento, nessa fraqueza e nessas feridas que Satanás é derrotado. Oh! Satanás triunfa quando tem outra coisa além disso. O Anticristo está provendo a ele esse tipo de humanidade ou homem que ele busca, que não é vazio, quebrado, derramado, desinteressado. Essa é a força de Satanás. 


Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Adoração Envolve Conflito

Nesse momento já devemos conhecer o bastante sobre a diferença entre alma e espírito sem que eu precise acrescentar muito mais sobre o assunto. Mas esse não é o objetivo de estar falando disso. Devemos chegar a esse ponto, onde a adoração entra em uma esfera de conflito, ou, colocando de outra forma, o conflito entra na esfera da adoração. Aqui nós temos os dois tipos de adoração em guerra um com o outro, e é apenas nesse ponto que a Igreja entra em cena. A igreja é chamada para ser um vaso de adoração. O que é adoração? Trazer a Deus Seus direitos. Quando o Cristo entrou em cena e assumiu Seu principal trabalho de assegurar os direitos de Deus, imediatamente Satanás entrou em cena, e ali houve conflito. Esse é o combate, é um combate até o fim. A igreja é trazida a ele, para o exato propósito de trazer a Deus o que é Seu; ser nesse universo uma expressão plena pelos interesses de Deus. Por causa desse chamado, a vocação e destino da igreja, todo o poder desse que busca adoração é focado sobre a igreja, como foi focado em Cristo enquanto estava neste mundo. Esse é o ponto de conflito com o mundo, e esse é o significado do mundanismo, a saber, qualquer coisa que afasta do Senhor, ou que tenta roubar os direitos de Deus. Colocando isso de outra maneira, qualquer coisa que cede adoração ao diabo, sobre aquilo que o seu coração está colocado, isso é mundanismo.

A igreja, portanto, entra neste conflito, e por isso tem que se posicionar fortemente e positivamente em relação a sua Cabeça gloriosa. Ela deve trazer tudo para o Senhor, e extrair tudo Dele. Tudo deve ser levado em direção ao Senhor quando a Igreja está funcionando. Tudo deve ser trazido de volta para o Senhor. Existe um grande movimento contrário para afastar, arrastar e manter tudo distante do Senhor, e você encontra esse movimento de inúmeras formas, especialmente quando a igreja está reunida. Você encontra esse movimento contrário expresso de inúmeras maneiras para que essa função seja abortada, tornada infrutífera e transformada em algo meramente formal, frio e sem vida. Então a Igreja deve tomar uma atitude militante de adoração, e é por isso que você tem sacerdotes nas batalhas de Israel. Vemos isso em Jericó, por exemplo, e em muitas outras instâncias. A presença do elemento sacerdotal significa que aquilo é adoração, a glória tem que ser dada ao Senhor. Tudo é direito do Senhor, é para o Senhor. Mas em um exército, com sacerdotes encabeçando-o, o fator militante é relacionado à adoração. Adoração só pode ser completa através do conflito. É uma verdadeira batalha assegurar os diretos de Deus.

Isso é apresentar a verdade, mas qual é significado prático disso para nós? Significa, amado, que em todos os tempos, e talvez especialmente quando somos encontrados juntos em nossa função suprema que é para adorar, temos que nos colocar de forma deliberada e positiva em resistência a tudo que pode nos afastar disso, de todas essa obras do princípio do espírito do Anticristo, e nos colocar em uma posição pelas direitos de Deus, para que Ele tenha tudo que merece em todo o tempo. Isso nos chama a uma posição positiva. Me pergunto se você vai se lembrar disso quando estivermos juntos em oração, toda a vez que nos encontramos. O ministério da Palavra é, afinal de contas, apenas adoração. Se não dirige as coisas para o Senhor e para Sua glória, se não significa que os interesses do Senhor são alargados, então perdeu todo o seu objetivo.


Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Adoração demanda um Certo Estado

A adoração, esse serviço, demanda - entre outras coisas - certa condição. Ela é baseada em um tipo de espírito. Esse é o estado descrito naquela pequena frase de João 4, “em espírito”. Verdadeiros adoradores devem adorar em espírito. “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade...”. Isso é uma afirmação. “Em espírito”, resumindo em uma frase - vivendo em união espiritual viva com o Senhor. Isso é algo que é interior. É isso que o Senhor estava falando. A mulher samaritana disse a Jesus, “Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.” [Jo 4:20] O Senhor Jesus, em efeito, disse em resposta, ‘Isso é apenas externo, formal, tradicional, não é a verdadeira adoração! Verdadeira adoração é no espírito, e isso é algo interior.’ 

Adoração não é algo formal, tradicional, externo: certamente vai se expressar e transparecer, mas tudo se inicia e tem sua fonte no interior, uma união viva com Deus. Isso é o resultado de um milagre, o resultado de algo que aconteceu. Ninguém que não conheceu o milagre do novo nascimento ou da união com o Senhor em ressurreição pode ser um verdadeiro adorador. Mas aqueles que têm esse conhecimento e experiência devem ser verdadeiros adoradores. Isso é o mesmo que dizer que essa é a base da adoração; essa realidade deve brotar em adoração. O primeiro esforço na adoração deve ser fruto da admiração àquilo que aconteceu em nós, para nos trazer a essa união viva com nosso Deus. Portanto estamos unidos ao Senhor pela ação inicial do Espírito Santo, e isso deve sempre ser tão fresco como o fato da adoração. Isso deve levar à adoração espontânea ao Senhor; não apenas um ato de anos atrás, mas o prosseguir na admiração, glória e bênção de uma perpétua realidade. Eu sou do Senhor! Eu sou Dele, Ele é meu! Isso é simples, uma base inicial da adoração, algo interior. Temos que reconhecer que esse é o estado que causa a adoração. 

E em conjunto com isso, temos que reconhecer o inimigo da verdadeira adoração, a adoração em verdade – não apenas em espírito, mas em verdade – está em nossas almas como algo separado desse estado espiritual. Seguindo paralelamente aquilo que é “em espírito e em verdade”, existe sempre aquilo que é em alma e na carne. Uma mentira, aquilo que não é verdade. É muito fácil para o povo do Senhor passar de um tipo de adoração para o outro sem sequer perceber que fizeram isso. Você pode ter um verdadeiro e espontâneo fluir de adoração, que é em espírito e em verdade, e então quase que imperceptivelmente sair dessa esfera e sentir que saiu da base verdadeira; que você foi levado do seu espírito para as suas emoções, da realidade para algo irreal. É possível que isso aconteça entre pessoas espirituais, e acontece com muita frequência. Você vai encontrar esses dois casos em qualquer encontro de oração onde esteja o povo do Senhor. Você percebe um fluir espiritual verdadeiro, e então surge aquilo que é ostensivamente ou intencionalmente adoração ao Senhor de alguma maneira, mas que na realidade é algo diferente, não é em espírito, em verdade. 

Percebemos algo que veio em alguma outra linha, através de algum sentimento, ou alguma atividade racional. Mas não estou dizendo isso para tornar as coisas complicadas ou difíceis, mas estamos tentando chegar a questão da verdadeira adoração. Fora dessa dupla tensão na qual nos encontramos ou que está entre nós, você tem que reconhecer que tudo aparenta ser adoração, mas não é. Existe um grande volume daquilo que é chamado adoração que é adoração da alma, e não é verdadeira adoração, em espírito e em verdade. É falsa. Não é fruto de vida, da vida divina e, portanto leva–nos para longe. Oh como esse elemento do anticristo, isso que está no homem que está de acordo com o espírito do Anticristo, energizado e direcionado pelo inimigo como ele é, busca em todo tempo afastar, conduzir para fora, impedindo que aconteça ou permaneça esse contato vivo com o Senhor, interferindo com aquilo que realmente alcança o Senhor! É tudo muito agradável, mas tem o efeito oposto: afasta, traz as coisas para baixo. Está lá o tempo todo.


Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O Coração da Adoração - Amar a Vontade de Deus

A grande questão entre Cristo e o Anticristo que são os direitos de Deus. É importante para nós, em conexão com esse conflito e com a adoração, conhecer quais são esses direitos. De uma maneira abrangente podemos dizer que quando falamos dos direitos de Deus, falamos de um estado de total entrega a Ele, onde tudo é para o Senhor, e onde o Seu prazer e satisfação é a consideração que nos cativa e domina. Esse ponto onde a mente, o coração e a vontade são governados pelo desejo de agradar o Senhor. Se o Senhor Jesus foi cheio de expressões de adoração a Deus, e se Ele é a encarnação desses direitos divinos, então podemos sentir a profundidade do sentido de algumas frases tão familiares, como, “Eu faço sempre o que lhe agrada” [Jo 8:29]. Isso é a expressão de uma vida. Isso engloba e cerca Sua vida, que é toda cheia disso. O que é que traz o deleite do Pai nEle? Para Ele, esta era a lei e consideração que governava todos os Seus movimentos, Seus caminhos, desejos e todas as ações. Isso é adoração, e isso também é o que significa o direito de Deus.

Eu imagino se alguma vez te ocorreu como o serviço e o louvor são trazidos juntos na Palavra de Deus, quase que sem exceção. Passe pelo livro de Êxodo com esse pensamento em mente. O primeiro desafio ao Faraó foi, “Deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto” [Ex 7:16]. Então você percebe que na medida em que a demanda era pressionada, ela tomava uma forma definida. O Faraó disse, ‘vocês que são homens vão, mas deixem seus rebanhos e manadas’. A resposta a isso foi, ‘precisamos deles para servir ao Senhor’; e isso foi desenvolvido até que o serviço ao Senhor se tornou claramente visto como uma questão de adoração. E o altar estava no centro de tudo, e todo o serviço estava relacionado ao altar, até que - um bom tempo depois - vemos o desenvolvimento de toda ordem do sacerdócio Levítico, que era o serviço do Senhor. Tudo era uma questão de adoração. 

Então Israel, concentrado nos Levitas, se tornou um povo adorador, e sua adoração era o seu serviço, e o seu serviço ao Senhor era adoração. Paulo toma esse fato na sua carta aos Romanos, como você sabe: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é (literalmente) o vosso culto espiritual.” [Rm 12:1 – ASV – tradução nossa]. Nossas versões nos dão a tradução “seu culto racional”. Culto espiritual – culto racional.

Pensamos no serviço de Deus como sendo algo diferente; ou até mesmo como sendo muitas coisas. Mas o coração do serviço é a adoração, e adoração é o maior dos serviços. Então, sendo este o caso, existem uma ou duas coisas que precisamos verificar. A criação viva existe para a adoração a Deus, que é, para a satisfação de Deus, e isso é o serviço a Deus. Vida, portanto, deve ser reconhecida como uma tutela, um investimento feito por Deus com vistas a obter lucro, e esse lucro é Sua glória. Deus deu a vida como um investimento, para retornar a Ele com juros. “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto” [Jo 15:8]. 


Que fruto é esse? Bem, usando a ilustração do próprio Cristo em conexão com essas palavras, é uma expressão e trabalho daquela vida que temos em Cristo; devido a videira e os galhos, que tem apenas uma vida, com seu fruto crescendo e se desenvolvendo para a glória de Deus. Isso é serviço. Isso é o resultado da vida, o crescimento da vida. Deus nos deu a vida como um investimento.

Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O Apelo de Satanás por Adoração

Nós já lemos algumas passagens que nos mostram que a adoração é o supremo desejo e ambição de Satanás. Seu coração está ansioso por adoração, e ele atravessa distâncias para realizar sua ambição, até mesmo tentando seduzir ou subornar o próprio Filho de Deus. Essa ambição, esse desejo de Satanás por adoração está, como vemos, liderando o falso profeta e a besta, o Anticristo, o filho da perdição. Esse “Filho de Deus” falso de Satanás terá sua encarnação no tempo do fim. 

Vamos nos lembrar que a palavra “anticristo” não significa apenas contra Cristo, mas também significa no lugar de Cristo. Vai haver algo enganoso, alguma ilusão sobre o Anticristo que vai levar multidões de pessoas a o tomarem como Cristo. Ele vai ser encontrado no templo de Deus, se colocando no lugar dEle e recebendo Sua adoração. 

Eu te pergunto: “que templo é este?” Você pode encontrar no Novo Testamento um templo que responda a isso? Alguns intérpretes descuidados disseram que esse será o templo que será novamente erguido pelos Judeus em Jerusalém. Bem, existem fatos a ser levados em conta que, imagino, vão rapidamente destruir essa ideia. No tempo da manifestação do Anticristo, os Judeus ainda estarão em apostasia, rejeitando Cristo e eles mesmos serão rejeitados e sofrerão algo na tribulação. Assim, qualquer templo que seja erguido em Jerusalém pelos Sionistas, nunca será o templo de Deus. Isso é um ponto. Mais um ponto ainda maior é se esse templo será construído nesse momento em particular. Qual é o templo de Deus? Bem, a única resposta que temos no Novo Testamento é o povo de Deus. Entre o povo de Deus, o Anticristo vai ganhar espaço, poder e vai atrair para si aqueles que pertencem a Deus, afastando-os de Cristo.

Tome apenas o racionalismo, que já ganhou um grande e poderoso ponto de apoio entre o povo de Deus. Ele já colocou de lado Cristo, e roubou dEle seus mais altos valores. Nesse ponto você vê o princípio do Anticristo agindo. O que é o falso profeta, senão a representação de um ministério falso, um ministério que se tornou falso para Cristo em meio ao povo de Deus? – e existe muito disso hoje. Isso é apenas uma menção dessas coisas, para que possamos ver que o inimigo está atraindo louvor para si mesmo e esse é o supremo objetivo de Satanás, e ele encabeça isso no Anticristo.

Mencionando isso, tenho um objetivo, que é indicar que isso, em qualquer que seja o assunto, se intensifica de um lado na direção ao tempo do fim, e também deve se intensificar do outro. Podemos dizer que a intensificação da atividade Satânica por um lado é apenas a compensação da intensificação da atividade de Deus do outro. Vimos isso em outras situações. Algo que vai irromper em plenitude do lado divino no tempo do fim será a adoração. Você vê isso em Apocalipse 12. À medida que nos aproximamos desse tempo algo mais se intensifica, e por isso é tão importante que o povo de Deus esteja atento à questão da adoração. Ele deve reconhecer que o Senhor deve ter a adoração intensificada, nos levando a ser um povo mais e mais adorador, um povo com uma função suprema de adorar. Isso é, o louvor envolve tudo, leva tudo adiante. O Senhor deveria ter Sua igreja cada vez mais adoradora. A igreja de Satanás estará crescendo, e vamos certamente notar o seu progresso nesses dias. O Anticristo representa de maneira suprema aquilo que traz adoração a Satanás, algo que ele cobiça. Isto é colocado contrário a Cristo, o que significa que Cristo representa a adoração a Deus.

Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A Anulação do Princípio do Anticristo pela Cruz


Deus está buscando de forma definitiva e persistente anular o Anticristo em nós, trazendo à luz o princípio da cruz, porque, até que a cruz tenha sido forjada dentro de nós, somos energizados por uma vida da alma que tem uma ligação com o adversário. Nossa razão é tão energética! Tudo é atividade da alma na mente e razão. O homem natural é completamente alienado de Deus e não pode conhecer as coisas do Espírito de Deus, por isso, todos os arrazoamentos do homem natural não conseguem alcançar os pensamentos de Deus. É, portanto, em princípio, o anticristo. 

Alguma coisa aconteceu: não pode alcançar Deus; está se perdendo no caminho o tempo todo. Ainda assim os homens estão usando o poder de sua razão para tentar se conectar com as coisas de Deus e isso resulta em racionalismo e na anulação de Jesus. Não é esse o fruto do racionalismo; a anulação de Jesus naquilo que Ele é? 

Mesmo no âmbito da religião o Anticristo opera, usando a razão de um homem não crucificado, a emoção, e a vontade do homem natural. Mesmo os filhos de Deus podem negligenciar lamentavelmente esse ponto.  O espírito do Anticristo tem uma extensão, partindo de um desejo ou ato simples e inocente, até uma expressão positiva por meio de uma política plenamente desenvolvida, uma crença, uma filosofia, ou uma ciência. Vemos isso se desenvolvimento no mundo. 

As potencialidades e o destino do homem, como ele é, sem Deus, sem a necessidade dEle, do Espírito de Deus, sem necessidade de regeneração. O Homem – que maravilhosa criatura ele é, o que ele pode fazer! Essa é a crença que tem crescido e ganhado poder neste mundo. Toda a tendência segue na direção de que o domínio deste mundo esteja unido sob o governo de alguns super-homens, para que no final tudo seja conduzido para apenas um governo. Essa é a concepção do homem, como que tendo todos os recursos em si mesmo, e tudo isso vem se tornando uma crença, uma política. É aí que tudo termina; mas, amado, frequentemente tudo começa como algo muito simples e se manifesta em um desejo ou ato simples ou inocente. 

Em um caso isso levou ao assassinato, como foi no caso de Caim. Você vê Caim colocando o sangue de lado, a expiação, a necessidade de uma morte substitutiva. Tudo o que o Cristo significa para nos aproximar de Deus, Caim colocou de lado, e trouxe as suas próprias obras, potencialidades, agiu como se, naquela base, pudesse haver uma comunicação com Deus. Este é o espírito do Anticristo. Quando encontrou o julgamento de Deus, isso levou a um assassinato. Quando ele descobriu que Deus rejeitou isso, o espírito do Anticristo se manifestou em um assassinato. 
Você diz que isso é terrível, nenhum santo deveria se encaixar aí. Eu não estou pensando que você vai seguir da mesma maneira e matar o seu irmão por causa disso. Mas, em princípio e espírito é isso, alguns filhos, servos de Deus, obreiros Cristãos, começam a se afirmar e empregar seus próprios recursos, suas forças e sabedoria nas coisas de Deus. Mais cedo ou mais tarde, chegarão a um beco sem saída, percebendo que não receberão a bênção de Deus assim. Daí surge um espírito de ressentimento e amargura em seu coração. Algum simples filho de Deus vai entrar no chicote por causa disso. Essa afirmação falsa vai, em algum momento, envolver outras pessoas em malícia, ódio, no espírito do assassinato. 

Você pode não aceitar isso, mas deixe- me te lembrar de Davi. Sim, Davi era santo, era um homem de Deus, e conhecia o Senhor desde sua infância. Mas você lembra o episódio doloroso, terrível e trágico da vida de Davi, quando ele fez o censo em Israel. Até Joabe, um homem carnal, viu o perigo e implorou para que não fizesse isso. Mas não, na força de sua vontade ele colocou Joabe de lado. “Eu decidi fazer isso, que seja feito.” O censo foi feito como desejava, e então o anjo do Senhor disse, “Escolha entre três coisas, fome, guerra ou peste.” Uma espada de julgamento foi desembainhada, e o flagelo correu por toda a terra: os habitantes de Israel foram ceifados pela pestilência, até que Davi, quebrantado, clamou ao Senhor: “Oh meu Senhor, sou o responsável. O que essas ovelhas fizeram? Que a sua ira se volte contra mim.” Essa foi uma ocasião terrível. Por quê? O que estava errado em contar Israel? Por um lado, o censo de Israel sempre esteve de acordo com o princípio da redenção. Eles foram numerados apenas no contexto da redenção, que é o seu valor diante de Deus como Seus redimidos. Esse é o único valor que conta, se eles são redimidos para Deus. Deus não estava interessado nos siclos do santuário, no dinheiro da redenção. Davi estava buscando conhecer seu poderio humano, quão grande reino tinha. Esse é o princípio do Anticristo. Um santo é imobilizado e preso por essa isca levando às mais trágicas consequências. 

Quão necessário é então andar no Espírito. Quão necessário é que o Senhor mantenha a cruz operando contra a carne, a ambição, determinação, força natural; e tudo o que está no terreno de Satanás, no qual ele acampa. O que ele almeja? Desonrar o Senhor, tomar os Seus direitos, e isso através dos santos.

Uma das maiores tragédias é que a igreja tem servido ao propósito de Satanás tão bem, porque não é uma igreja crucificada. Oh, deve haver um estado subjetivo de circuncisão, no coração, o que Paulo chama de despojamento do corpo da carne. Nós só pensamos no Anticristo como uma pessoa que vai surgir no futuro de acordo com a profecia, atrelado a certos acontecimentos. Sim, é bem verdade, mas João diz que Anticristo em primeiro lugar é um espírito, e então diz que o Anticristo será constituído de um corpo. Esse último é a imitação de Satanás do Corpo de Cristo: algo corporativo em um espírito, para trazer o seu reino. Quando esse homem chegar e tiver sua curta estação de reino, domínio, ele será muito terrível e real, isso está muito claro no livro de Apocalipse. Mas a questão está mais próxima, e penso que qualquer profecia que não tem uma aplicação espiritual imediata perdeu seu objetivo. A profecia deve vir a nós hoje. O Anticristo está muito próximo da natureza de cada um de nós.

Então, qual é a questão? Tudo deve nos trazer de uma vez por todas ao mesmo ponto que o Senhor Jesus chegou: “Eu vim para fazer a Sua vontade, o meu Deus”; “Eu me deleito em fazer a Sua vontade”; “não a minha vontade, mas a Sua”. 

Resumindo, é a entrega ao Senhor; não entrega para o serviço ao Senhor, para ser usado, para bênçãos, receber algo, mas apenas entrega de si mesmo ao Senhor para Sua glória da maneira que Ele vê que vai a receber. Tudo o que importa é se o Senhor está recebendo a glória. Se no fato de não fazer nada o Senhor pode receber a glória, tudo bem. Se o Senhor quer que eu vá até os confins da terra, a um grande custo, e assim Ele pode ter a glória, tudo bem. Não é o fato de ser aqui ou lá, isso ou aquilo; as consequências não importam. O que importa é se o Senhor está recebendo o que Ele busca em mim. Este é o espírito de Cristo, e qualquer coisa diferente e contrária a isso é o espírito do Anticristo.

Podemos entender o que o Corpo de Cristo é, para o que ele existe, e o que o Senhor busca nele. 

Extraído do livro “O Cristo, o Anticristo, e a Igreja” – T.Austin-Sparks


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Enoque - Um Homem que Andou com Deus

Enoque, a estrela da manhã do mundo, é um modelo de extraordinário valor para nós no dias de hoje. Pelo desígnio de Deus, ele foi um grande protótipo do arrebatamento. Enoque era um gentio, como nós; viveu na época que o mundo vislumbrou o nascimento da invenção científica (11); e o rápido crescimento da maldade, quando a terra estava cheia de violência. Apesar disso, seus pés permaneceram na rocha do julgamento que estava para varrer toda a terra; e ele foi, como Espírito Santo enfatiza, “o sétimo depois de Adão” (Judas 14). Ele representa, em tipo, todos aqueles que, depois de seis mil anos de pecado, deverão participar do Descanso Sabático [Milênio].  A sua libertação ocorreu por uma remoção repentina e sobrenatural, através da abertura de um portão para o céu que aconteceu apenas duas vezes desde então, apenas para santos notáveis. O arrebatamento dele foi o primeiro deste tipo na história do mundo, enquanto que o nosso será o último. No entanto, devemos atentar que o arrebatamento de Enoque é o único arrebatamento na Bíblia imposto pelo Espírito Santo como um modelo para nós. 

Apenas a apresentação deste registro é resplandecente com luz espiritual. Por que nós não sabemos absolutamente nada dos fatos físicos de sua vida; não temos nenhum evento marcante registrado; de uma profunda obscuridade ele saltou para o céu. Quão profundamente sugestivo! “Ouvi, meus amados irmãos, não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos na fé” – Seus diamantes ocultos – “e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?” (Tiago 2:5). A Igreja não sabe nada de suas estrelas mais brilhantes, porque elas se movem abaixo da faixa de suas órbitas celestes.

O ponto mais significativo é que o Apóstolo que escreve o prefácio dos julgamentos Apocalípticos – Judas – é aquele que mais enfatiza o testemunho de Enoque, e o revela como um testemunho do Segundo Advento. Enoque profetizou, dizendo – “Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos” (Judas 14) – sobre Judeus e Gentios, Igreja e mundo. 

Aqui uma nova verdade surge ao nosso alcance, como uma nova estrela. O arrebatamento está particularmente conectado com o testemunho da volta do Senhor; este foi o testemunho exclusivo de Enoque. As palavras do Senhor para o Anjo da Igreja em Filadélfia diz o seguinte: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro” (Apocalipse 3:10). 

De todos os santos de Hebreus 11, apenas Enoque foi transladado; e dele somente, dentre todos, é registrado um testemunho do Segundo Advento.  O Espírito Santo diz que aquele testemunho era para homens da nossa dispensação, ainda que quatro mil anos atrás. Enoque disse: “quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão” (Judas 14). Vale observar como são fixados juntos o falar do Segundo Advento e a sua vida com o arrebatamento. Eis que o próprio Enoque se tornou a prova viva do seu próprio testemunho. “...já não era, porque Deus o tomou para si” (Gênesis 5:24). “Um será tomado, e deixado o outro. Portanto vigiai...” (Mateus 24:41).

O Espírito Santo nos revela o segundo fundamento da transladação de Enoque. “Pela FÉ, Enoque foi transladado para não ver a morte”(Hebreus 5:5). A fé que é tão enfatizada através de Hebreus 11, que assumimos se tratar de uma fé salvadora, não se limita a isso apenas, mas é uma fé muito mais vasta e mais potente. Abraão e Sara gerando Isaque em idade extremamente avançada, Moisés renunciando o palácio Egípcio, Jericó derrubada por sacerdotes em marcha, ressurreição dos mortos. reinos conquistados, promessas obtidas, bocas de leões fechadas, o poder do fogo extinguido; todas estas foram operações de algo maior do que uma fé salvadora. 

Portanto, podemos observar que a fé para transladação, representa bem mais que apenas uma mera fé para salvação, mas é classificada pelo Espírito Santo entre as grandes conquistas do mundo. 

“A Escritura mostra que a transladação foi uma prova do amor Divino para com Enoque, por conecta-lo imediatamente com sua vida piedosa e reta” (Calvin). Portanto, sozinho entre estes patriarcas, a experiência de Enoque no arrebatamento é capturada pelo Espírito Santo para enfatizar a recompensa: “pois, ANTES da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus... porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que... se torna GALARDOADOR”. 

Podemos observar que Enoque foi transladado quando todos os patriarcas menos dois – Adão, porque estava morto, e Noé, que ainda não havia nascido – permaneceram na terra, e continuaram assim. A sua fé não era baseada no fato que ele seria transladado, porque não é mencionado em lugar nenhum que Deus tivesse o revelado que ele seria removido sem morte, ainda porque, o evento nunca tinha ocorrido antes, para que ele imaginasse isto. No entanto, a fé que o tornou aceitável a Deus por meio da qual ele foi transladado. Fé que agrada a Deus descansa, abrigada no coração de uma vida santificada, a raiz do pleno florescer que Deus colheu. 

“A transladação de Enoque foi um testemunho para um mundo todo da aprovação de Deus de sua conduta” (John Angel James). Enoque considerou novecentos ou mil anos de vida na terra com corrupção ao seu fim, como nada comparado a um repentino céu. Ele parou no “meio-dia” de sua vida, para ser o mais novo dos patriarcas a abandonar sua vida, e Deus deu a ele cinco mil anos em um mundo melhor

Então o Espírito Santo desenha uma lição geral de máxima importância prática e profética para nós: que o prazer dado a Deus no arrebatamento não vem do mero ato da conversão, mas de uma vida de devoção. O Velho Testamento diz – “Enoque andou com Deus” (Gênesis 5:24), em contínuo agradar, foi o seu andar que produziu sua  remoção. Ele mudou seu lugar mas não sua companhia. Porque “sem fé é impossível agradar a Deus”; que é, qualquer que seja a frase que escolhermos – ele “agradou” a Deus, ou “andou” com Deus – ambas implica em fé, e fé contínua: “porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que se torna galardoador [fornecedor da recompensa; Alford] daqueles que O buscam”. “Deus o removeu da terra de uma forma tão incomum para que todos possam saber quão amado ele era para o coração de Deus” (Calvin). Para uma vida de extraordinário mérito, Deus concedeu uma recompensa extraordinária; ele se tornou Enoque, o imortalizado porque ele foi o Enoque o santificado; o próprio nome “Enoque”, com o rico significado dos nomes Bíblicos, significa dedicado, consagrado, separado. “Uma razão porque essa honra foi conferida a ele foi para mostrar sua transcendente excelência” (Gilfillan). 

Então nosso Deus diz – “vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar”(12) : “Eis que venho sem demora, e comigo está o GALARDÃO que tenho para retribuir a cada um segundo as SUAS OBRAS” (Apocalipse 22:12). Se Deus não tivesse a intenção de dar a Enoque esta honra especial, seria fácil livrá-lo da tribulação que viria através da morte comum, como Ele fez com Matusalém. Já foi dito que o máximo atingido por alguns Cristãos é serem criminosos perdoados: Enoque é um dos poucos homens na Bíblia contra o qual nenhum pecado é registrado. “Em todas as eras é universalmente reconhecido que nenhuma honra maior foi jamais publicamente outorgada a qualquer homem na terra, do que a outorgada a Enoque e Elias, uma honra evidentemente dada para ilustrar o inalterável princípio que Deus honra extraordinariamente aqueles que O honram excepcionalmente” (Cornwall) (13).
Então tudo concentra no andar com Deus – “Enoque andou com Deus” (Gênesis 5:24). Esta expressão ocorre apenas duas vezes na Bíblia: no caso de Enoque, tipo da libertação celestial, e no de Noé, tipo da fuga Judaica. Está registrada uma vez em relação à Noé (Gênesis 6:9), mas duas vezes no caso de Enoque (Gênesis 5:22,24); porque o chamamento celestial envolve uma intimidade dobrada com Deus. “Ele foi um homem que caminhou com Deus, e o curso de sua conversação era santo e reto; o que foi a razão da sua transladação, uma alta honra que foi outorgada a ele” (Dr.Gill). Ninguém vai escapar dos julgamentos que virão a não ser aqueles que andam com Deus. 

Há uma requintada beleza na frase que é discernida apenas por uma sensível visão espiritual: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amos 3:3) - isto implica em intimidade e comunhão constante, uma concordância de mente e de propósito, uma união de coração e alma, uma solidariedade de sentimento e afeição. Isto representa uma vida solitária. Enoque andou com Deus quando todos os homens estavam andando contrários a Ele. Nada no mundo é mais valioso do que a habilidade de andar sozinho, porque este é o pré-requisito de andar com Deus. O homem que anda com Deus se torna extremamente sensível a críticas a Cristo, e muito sensível ao inevitável julgamento (Judas 15), exatamente como fez Elias (Rm.11:3). É excepcional que os únicos dois homens que foram arrebatados antes de Cristo foram ambos distinguidos por extrema solidão, e por um testemunho corajoso em uma era de maldade dominante. Ou seja, o homem que permanece sozinho pelo correto é o homem que Deus se deleita em honrar. É um conforto extraordinário o fato de que Enoque sozinho registrou distinção pela sua bondade; uma estrela da manhã inundada com a luz do Sol que ainda não havia nascido. A lei no reino natural – que o semelhante atrai seu semelhante – é regra também no espiritual: celestial atrai o mais celestial, até que, no prévio desígnio de Deus, um poderoso imã celestial repentinamente age (Marcos 4:29), e os Enoques desaparecerão.

Eu peço a Deus que me deixe morrer quando a luz do Advento morra em meu coração e vida.  A terra está voando abaixo de nós como se estivéssemos viajando em um trem expresso; nada agora interessa, mas as coisas que se dirigem a santificação e para Deus. “E Enoque andou com Deus!” Seja este o nosso alvo. “E JÁ NÃO ERA, PORQUE DEUS O TOMOU PARA SI” (Gênesis 5:24).

(11) Jabal como o fundador do comércio, Tubalcaim da Indústria, e Jubal da Arte (Gn.4:20-22), foram o alvorecer do apogeu do poder, um espelho de nossa própria grandiosa era. A retirada de Enoque muitas décadas antes do Diluvio nos assegura (por tipo) do escape dos Enoques dos últimos dias antes da aproximação dos julgamentos, por um arrebatamento secreto como este.
(12) Na versão em Inglês é usado o termo “accounted worthy” que quer dizer, ser “considerado digno”. Na versão Almeida Corrigida e Revisada – o termo utilizado é “para que sejais havidos por dignos de...”.

(13) Não será sem a de Enoque, podemos estar certos, que seremos considerados dignos de uma transladação como a dele. Sem o caminhar de Enoque seremos encontrados entre as sábias e prontas virgens. Sem o testemunho de Enoque, de acordo com a vinda do Rei e Juiz, a preciosa promessa a Igreja de Filadélfia (Apocalipse 3:10) será tornada nossa.” (W. Maude). Uma tradução de um erudito de Lucas 21:36 é grandemente sugestiva: “Tomem cuidado com vocês mesmos no caso de seus corações serem dominados por devassidão e bebedice, e ansiedade mundana, e que esse dia tome vocês repentinamente como uma armadilha: de hora em hora permaneçam acordados, orando que possam ter sucesso em escapar desses perigos que virão, e possam estar de pé diante do Filho do Homem.” 

Extraído do livro "Rapture" (Arrebatamento) - D.M.Panton

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Elias - Um Tipo do Arrebatamento

Observando o grandioso arrebatamento de Elias, ainda na dispensação da Lei, temos marcante profecia dos eventos dos últimos dias. Em Elias temos o modelo de prontidão, uma vez que ele foi o único homem que, de antemão, sabia do seu arrebatamento. Ele sabia do fato, e provavelmente da data que iria acontecer, e compartilhou essa informação com outros que o acompanhavam. Passo a passo, ele (como Enoque) andou com Deus: “o Senhor me mandou a Betel”; “O Senhor me enviou a Jericó”; “O Senhor me enviou ao Jordão” (2 Reis 2:2). 

Assim como Filipe - o homem arrebatado pelo Espírito (Atos 8:39) - é um tipo da alma arrebatada que buscava os perdidos, assim Elias é um tipo da alma que trabalhava no estabelecimento dos santos quando isso aconteceu. Ele combateu o rápido surgimento da apostasia em seu tempo, através do estabelecimento de locais de devoção e estudo nas escolas dos profetas. Elias amou aqueles que foram deixados para trás; e era ávido por deixar o melhor de si. Falava (com Eliseu) apenas de assuntos que não fossem incompatíveis com a faísca instantânea da presença de Deus; testemunhou pelo Senhor sem medo, esperou Nele sem desanimar – “Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, o achar fazendo assim” (Mt 24:46). Podemos, viver assim, como ele viveu, de forma que a contemplação do Advento seja pura alegria. 

Subitamente uma multidão de nuvens, o estrondo do trovão; um repentino tornado – uma carruagem de fogo – dois profetas separados – o arrebatamento de um profeta – um manto derrubado – um céu aberto – a tempestade acabou, e um profeta se foi. Assim são os ‘Elias’ – ‘senhores fortes’, que dominam o pecado e determinam, até certo ponto, o próprio destino. Eles desaparecem. Pelo milagre da transladação, pela santidade que tornou esse milagre possível, Elias fez mais pelos filhos dos profetas que talvez toda a sua vida e ensino jamais fizeram. 

Mas, nessa ocasião, uma memorável pista é dada do arrebatamento que ainda iria ocorrer. O Espírito coloca grande ênfase na palavra ‘dois’. “Ambos foram juntos”; “ambos pararam junto ao Jordão”; “passaram ambos em seco”. Temos então dois homens.  O Salvador, tempos depois, disse: “então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro... PORTANTO VIGIAI” (Mt 24:40). 

A separação das águas do Jordão ocorreu apenas três vezes, e em todas elas havia uma implicação do arrebatamento parcialmente revelada. Josué, um tipo da entrada dos vivos na Terra Santa pelo arrebatamento; Elias, um sinal de sua própria iminente remoção; e, então Eliseu; passando por um leito seco onde o Rio da Morte fluía se esvaziando no Mar Morto

“Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará” [2 Rs.2:10], disse Elias a Eliseu quando ele pediu uma porção dobrada do Espírito. Enorme será essa necessidade para aqueles que forem deixados (Ap 3:18, 5:6); e, uma incalculável herança pode ser legada àqueles que seguirem os nossos passos, e finalmente participarem do nosso desaparecimento. O Espírito é derramado (como o manto) em Eliseu do alto dos céus abertos, e ele segue para realizar exatamente o dobro (dezesseis) dos milagres de Elias.  Por seguir de perto os passos de Elias, recusando ser abalado, bebendo profundamente do espírito de Elias, Eliseu “levantou o manto, feriu as águas, e elas foram dividiram para um e outro lado” – a natureza reconheceu o magnífico domínio que vem de Cristo – “e Eliseu passou.” No momento que o discípulo recebe o espírito de Elias ele participa do seu arrebatamento.  Enquanto Elias é uma rosa madura, Eliseu é um botão de rosa; mas tanto as primícias como a colheita serão reunidos no final, conforme vemos em Apocalipse 15, versículo 3. 

Muito instrutivos também são os dois grupos que permanecem – os filhos de Deus ainda na terra; e um mundo escarnecedor. Os Filhos dos Profetas, olhando dos alpendres mais altos, não creram na palavra profética que esteve nos lábios de Elias (2 Reis 2:5). Quando o arrebatamento ocorreu, ainda assim não acreditaram. Como foi algo invisível, organizaram um grupo de busca de montanhistas resistentes, para vasculhar a passagens da montanha e desfiladeiros íngremes onde o tornado poderia ter lançado o corpo de Elias. Então Eliseu, amadurecendo para o arrebatamento, fica envergonhado da falta de fé dos seus companheiros crentes (2 Reis 2:17). O único homem que vai encontrar o corpo de Enoque, de Elias ou do nosso Senhor é o homem que, compartilhando do espírito deles, for arrebatado para seu lar. 

É surpreendente observar os comentários Cristãos da atualidade, que prefiguram a incredulidade que virá por parte dos crentes não arrebatados. Alguns Cristãos explicam de diversas formas o desaparecimento de Elias. Uma explicação é que “ele pode ter sido atingido por um raio, ou carregado por um furacão, um tornado ou uma tromba d’água. Ele pode ter sido enterrado na areia, atirado no vale, ou no Jordão. Talvez possa ter sido carregado em uma carruagem pelos guardas do rei; ou se perdeu em uma nuvem descendo da montanha, e estava ainda vivo. Ainda, essa narrativa pode ter sido apenas uma visão que Eliseu teve em seu sono, durante o qual Elias o deixou” (citando Keil e Bertheau). 

Mas o mundo não será um lugar para os santos no tempo do fim. O mundo conhece, mas escarnece do arrebatamento. “Sobe, calvo! Sobe, calvo!” [2 Rs 2:23], gritaram arruaceiros para o Eliseu não arrebatado. “Sobe!”, ascende onde o seu mestre foi, porque você foi deixado? Vá embora! O mundo vai bem sem você. Os não vigilantes “vão andar nus, e os homens verão sua vergonha” (Ap.16:15). Isto ocorre em Betel, cidade cujo nome tanto Oséias como Amós mudaram de ‘Betel’, a Casa de Deus, para ‘Bete-Áven’, a Casa dos Ídolos. 

O arrebatamento surge em um pano de fundo de apostasia; e os escarnecedores do arrebatamento vão falar sob a sombra do Ídolo do grande escarnecedor, o Anticristo. “E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu” (Ap.13:6) – os arrebatados, que agora estão longe do seu alcance. 

Eliseu suportou o insulto por um tempo, então – evidentemente por uma direção de Deus em seu interior – se voltou; e, não no seu próprio nome, mas no de Deus, lançou a maldição, que é exatamente um dos julgamentos dos apóstatas, e uma das aflições da Grande Tribulação: “Se andardes contrariamente para comigo e não me quiserdes ouvir... enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão” (Lv 26:21); “então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles”; assim como Deus, no tempo do fim, vai matar “por meio das feras da terra” (Ap 6:8).

Assim, os ardentes e santos Elias permanecem diante de nós, como uma repreensão a toda a ideia de um arrebatamento fácil e imaturo. As tradições religiosas tentam encobrir a severidade dessa doutrina. Alguns pensam que o mais ultrajante apóstata - o crente excomungado por fornicação ou bebedice e dado a Satanás para destruição da carne - está ‘pronto’, e será chamado em um momento, como algo pra ele de alegria inigualável, para a presença do Senhor [1 Co 5:1-5; 1 Pd 1;8]. 

Alguns ensinam que todos os crentes da presente Dispensação serão glorificados no momento da volta do Senhor. Tentando uma solução alternativa, asseveram que, no final, todos os crentes vivos serão, por um ato excepcional da graça de Deus, tornados obedientes, santos e vigilantes. Isto é, ao menos, uma franca admissão de que eles não o são agoraSem qualquer dúvida, o irmão incestuoso (por exemplo) era crente, e, se ele tivesse morrido no seu pecado, teria aparecido diante do Senhor excomungado.


Extraído do livro "Rapture" (Arrebatamento) - D.M.Panton

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Arrebatamento

Como esta presente era vai acabar? “Não pelo estampido da revolução”, diz um conhecido professor Cristão, “mas pela escada em espiral da evolução, então o mundo poderá passar para uma perfeita ordem e beleza. A ilha de corais da era de ouro não tardará muito a emergir sob a superfície de águas tempestuosas”. Ou, como outro escritor coloca: “Meu desejo é que pudéssemos alcançar o ideal Cristão de destruir a Igreja (1) permitindo que todo o mundo se torne uma Igreja”. 

Mas a Palavra de Deus é a única que pode julgar antecipadamente o futuro: Porque “temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atende-la, como uma CANDEIA que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2 Pedro 1:19).

Esse problema é definitivamente resolvido em uma parábola do nosso Senhor. Ele compara o mundo com um campo, o trigo semeado no campo são os filhos do Reino, o joio são os filhos do Maligno; a colheita é a Consumação do Século, e os ceifeiros são os anjos. Aqui estão as palavras supremas e decisivas: “DEIXAI-OS CRESCER JUNTOS [trigo e joio] ATÉ A COLHEITA” (Mateus 13: 30,38). 
Isso derruba toda a teoria da evolução gradual até o Dia do Senhor: 
(I) Porque o mundo na “Colheita” será um mundo malhado - trigo amarelo e joio preto - manchado com cores bruscamente contrastantes; e não um globo laminado na luz. O momento do Advento será a revelação das trevas mais densas da terra. “Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos” (Isaías 60:2). 

(2) “Pela escada espiral da evolução”: - isto supõe que todo o joio evolui no final para trigo. Mas o crescimento silencioso do trigo e do joio evolui para o fruto, e não para uma mudança de natureza: o joio venenoso amadurece para o fogo; o trigo amadurece para o celeiro. “atai o joio em feixes para ser queimado, mas, o trigo, recolhei-o no meu celeiro(2).

(3) “Não pelo estampido da revolução”; isto é, por forças exteriores, mas por justiça interior, o mundo será salvo. O Filho do Homem, assentado nas nuvens, deixará descer uma rápida sucessão de anjos ceifeiros, varrendo a terra com uma poderosa segadeira: não evolução, mas uma revolução, governada por perfeita santidade, controlada por perfeita justiça, e esclarecida com perfeito discernimento, pode sozinha desalojar a iniquidade do império do mundo. “Porque os retos habitarão a terra, ...mas os aleivosos(3) serão dela desarraigados”.

1 - Provavelmente o escritor se refere a estrutura física da Igreja (Nota do Tradutor).
2Primeiro ajuntai o joio, atai-o em feixes: não quer dizer que o joio é colhido antes do Trigo, porque, tanto na natureza, como na graça, Vindima segue a Colheita. Na Síria a cevada é colhida em Abril, e trigo em Maio, e a vindima segue no final de Agosto. Então em Apocalipse 14, nós temos as Primícias (ver.4); então a Colheita (ver.15); e finalmente a Vindima (ver.18).
3 - Aleivosos – desleal, pérfido, fraudulento, traiçoeiro, calunioso (nota do tradutor).

Extraído do livro "Rapture" (Arrebatamento) - D.M.Panton


domingo, 13 de setembro de 2015

Quem Foi G.H. Lang



G.H.Lang (1874 - 1958)

Um Calebe Moderno
"ele perseverou em seguir-me"
Números 14 v.24

Dois homens corajosos nasceram em 1874; Churchill e G.H. Lang. O dia 20 de novembro marcará o centenário daquele professor da Bíblia lúcido e poderoso - GH Lang. Ele nunca foi chamado ante reis ou juízes, mas era uma raridade - um homem que ensinou aquilo que realmente acreditava, e viveu o que ensinou, independentemente das consequências. Esta simples coragem era para ele algo comum. Deus era seu pai, e sabedoria de pai é sempre boa. Recomendo a idéia para todos nós. Isso nos livrará de muitas mágoas, se recusarmos a olhar para os perigos, mas olhar simplesmente para Deus.

Sua infância foi passada em um lar cristão em Greenwich, Bennondscy e Sidcup (Inglaterra). Na idade de sete anos e meio ele confiou no Salvador; e dessa experiência ele escreveu: "foi tão real que ainda é vívido depois de 70 anos como se tivesse acabado de acontecer." A primeira de muitas aventuras, quando começou a aprender a ser guiado pelo Pai, ocorreu quando tinha cerca de 13 anos de idade, e foi atacado por uma gangue de bullying. Ele contou depois: "Eu estava prestes a responder quando algo forte me aconteceu. Surgiram em meu coração palavras que eu não tinha nenhuma lembrança de ter ouvido antes 'A resposta branda desvia o furor'. Eu mudei minhas táticas, respondi calmamente, e fui autorizado a ir para casa sem danos. Essa experiência foi um fator determinante para os próximos 60 anos. Tenho tido como certo que Deus irá trabalhar, falar, orientar e ajudar, e que a Bíblia é o meio que Ele escolhe para usar em Suas mensagens. Eu ouvi Sua voz no Livro não uma, mas muitas vezes." 

Em 1899 foi funcionário de um avaliador de seguro com muito boas perspectivas, mas um dia foi dada a ele uma tarefa que tocou sua consciência. Ele foi pedir conselhos a um amigo, quando uma voz disse "Instruir-te-ei..." (Salmo 32:8), então voltou para casa e esperou alguns dias. No dia 27, a Voz disse "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Cl.3:7). Ele percebeu imediatamente que não poderia fazer o trabalho demandado. Em 1 de junho, escreveu a sua carta de demissão, sem ter qualquer outro trabalho em vista. Eu me lembro dele me dizendo: "A tinta não tinha secado ainda na carta, quando uma paz profunda encheu minha alma." 

Ele prometeu ao Senhor aceitar qualquer trabalho a que fosse conduzido; "até então", ele me disse: "Eu disse que eu iria dedicar todo o meu tempo a Seu serviço." Seus olhos brilharam quando ele continuou: "Eu ainda estou esperando por esse trabalho." Assim, por 54 anos, serviu a Deus em muitas terras: Grã-Bretanha, Índia, Birmânia, Egito, Tunísia, Palestina, Síria, Escandinávia, Alemanha, Polônia, Romênia e outros lugares. Trabalhou no ensino, escrita e foi muito prezado por todos do seu grande círculo de amizades, aconselhando centenas de crentes a uma vida de total dedicação a Cristo.

Sua quase que última viagem foi para o casamento do nosso amigo George Patterson em 1953. Em 1954, aos 80 anos de idade, ele me disse que o Senhor havia dito a ele que suas jornadas tinham terminado, então começou a publicar uma nova revista, "O Discípulo", distribuída gratuitamente a todos os que desejassem lê-la em espírito de oração. Cada edição era publicada somente quando o Senhor enviava o dinheiro. Tenho um conjunto completo, 22 números, mais de 950 páginas; perto de meio milhão de palavras, mais de metade do tamanho da Bíblia, em grande parte escrito por meio da caneta de um homem doente em seus 80 anos. 

George Lang escreveu 14 livros importantes, e inúmeros folhetos, três dos quais foram publicados pelo Enfield Christian Bookshop! Lembro-me dele dizendo: "Nenhum homem deveria escrever um livro até os 40. Ele precisa provar suas teorias na prática antes da publicação." Todos, menos nove de seus muitos escritos foram publicados depois que ele chegou aos 50.

Seus pontos de vista sobre as profecias e o porvir não tinham aceitação universal: seus pontos de vista sobre a Igreja, as exposições mais lúcidas das escrituras que eu vi, são inaceitáveis ​​para a maioria dos cristãos denominacionais e seus líderes. Ele confiava sua reputação a Deus, e quando as portas se fechavam, encontrava outras abertas pelo Senhor! Ele sempre se manteve estritamente em silêncio diante dos homens sobre o tema de suas necessidades financeiras. Ele realmente viveu pela fé.

Provavelmente seus livros mais influentes foram a biografia de "Anthony Norris Groves" (1939) e "As Igrejas de Deus" (1928). Em minha opinião, todos os crentes devem lê-los antes do seu 25o aniversário. Assim, eles evitariam ter de desaprender muito depois em outro momento da vida. 

A espiritualidade determinada, graciosa e tranqüila de Lang, resultou de um amor por Cristo, que valorizava, mais do que qualquer outra coisa, o grande dom que o Salvador ressuscitado lhe dera, a unção pessoal do Espírito Santo, que segundo ele ocorreu no 30º ano de sua vida.

Os títulos de alguns dos seus melhores panfletos são provas desta grande preocupação; "Os direitos do Espírito Santo na Casa de Deus"(1938); "Deus trabalha em suas próprias linhas"(1952); "A Habitação pessoal do Espírito Santo"(1954); "Orar é trabalhar"(1918).  

F.F. Bruce conclui seu epílogo da edição póstuma da biografia de Lang assim: "Ele toma o seu lugar seguro nas fileiras daqueles a quem somos convidados a levar em conta: Lembre-se de seus guias, que falaram-lhe a Palavra de Deus, considere o resultado de sua vida, e imitem a sua fé. "(Hb.13:7).

Tenho tido sorte de conhecer várias pessoas totalmente dedicadas a Cristo. G.H. Lang era um deles. Agradeço a Deus por sua memória.


Extraído de texto de M.Collier.

sábado, 12 de setembro de 2015

Quem foi D.M.Panton?

D.M.Panton (1870 - 1955)


David Morrieson Panton nasceu no ano de 1870 na Jamaica, e seu pai foi um missionário da Igreja da Inglaterra. Seu tio era o arcebispo das Índias Ocidentais. Panton estudou direito em Cambridge, na Inglaterra, com o propósito de se tornar um advogado. Na faculdade, no entanto, ele teve um tutor, chamado Labarestier. A partir dele, pela primeira vez ele ouviu as doutrinas da vinda do Reino e da glória de Cristo durante os últimos mil anos de existência da terra, e das condições em que os discípulos devem ser chamados a partilhar este reinado especial.

Estas verdades revolucionaram sua vida, e tudo isso o levou a abandonar a carreira jurídica; a viver na recusa de favores e recompensas; nunca ter se casado (se dedicando inteiramente à palavra), viver em alojamentos, com simplicidade, derramando toda a sua vida e energia por meio de bênçãos expressas em tudo que ele tocou. Estas verdades e toda esta doutrina bíblica, ele expôs e defendeu em muitos panfletos e escritos. Nos últimos 31 anos de sua vida, fez isso por meio da revista The Dawn [O Alvorecer]. Ele foi o fundador, proprietário e Editor, dessa revista, que foi um instrumento para tornar conhecidas as doutrinas que, embora claramente enunciadas na Palavra de Deus, se tornaram praticamente uma letra morta para a maioria dos cristãos.

Houve uma época em que a grande doutrina fundamental da Justificação pela Fé tinha sido apagada da mente dos cristãos, até que Lutero foi levantado e comissionado por Deus para a desenterrar e torná-la conhecida. Da mesma forma, a doutrina de responsabilidade e prestação de contas ao Redentor por parte de cada alma redimida, deixou de fazer parte do conhecimento da maior parte da Igreja. E o efeito futuro gerado sobre o crente a respeito da forma em que vive a sua presente relação com seu Redentor é completamente ignorado pela maioria. Como um agente responsável de Cristo, ele deverá prestar contas de sua administração no tribunal de Cristo; e dos lábios de seu Senhor ele receberá a sentença devida, seja ela boa ou ruim, de acordo como a sua conduta. Tudo vai depender da forma como ele viveu, se tem sido fiel ou infiel, obediente ou desobediente, santo ou pecador. Isso é quase que ignorado no ensinamento da Igreja, e só o pensar nisso é odioso para muitos. No entanto, isso é tão claramente definido na Escritura como é a doutrina da justificação pela fé. Esse ensino se destina a produzir o amadurecimento, firmeza e vitória na vida do discípulo que observa e aguarda o retorno de seu Senhor. Assim ele poderá sair com alegria para encontrá-Lo e ser recebido por Ele.

D.M.Panton acreditava que Deus colocou o “The Dawn” em suas mãos para dar a conhecer amplamente estas doutrinas. Ele se alegrou de não estar algemado por interesses financeiros, podendo assim proclamar todo o conselho de Deus, sem pensar em qualquer presente retorno para si mesmo. Ele foi fiel a seu cargo até o fim. 

"Embora no final de sua vida ele estivesse praticamente acamado, fraco e dependente de cuidados de seus irmãos, e sua mente tivesse se tornado quase um branco para muitas coisas do presente, ele ainda estava totalmente vivo para as coisas de Deus. Ele trabalhou sem vacilar dentro do seu cronograma para produzir cada edição da "The Dawn". Quando foram buscar a edição de junho para impressão, ele corajosamente alegou que já a tinha produzido e enviado, e que estava começando a edição de julho no dia seguinte. Ele não começou a edição de julho no dia seguinte - mas foi insistente que a edição de junho já estava concluída. Nós não conseguimos encontrá-la em suas pilhas de papéis, nem poderíamos mexer muito de perto nelas, porque ele achava que iríamos desorganizá-las, apesar de parecer uma confusão para nós, não era para ele. Nós acreditamos que ele tinha se confundido em supor que havia conseguido concluir a edição. No dia seguinte, ele parecia muito mais com seu antigo eu. Ele pediu que limpássemos os seus  óculos e pegássemos sua Bíblia, e leu a segunda epístola de Paulo por algum tempo. Parecia que ele estava revivendo novamente; então ele adormeceu. Sua Bíblia se encontrava aberta, onde estava lendo, e ele não retornou mais à consciência. Os pensamentos que tinham enchido o coração de Paulo, aquele guerreiro valente, quando escreveu a Timóteo pouco antes de sua morte, encheram o coração do nosso amado guerreiro quando passou para a presença do Senhor, que ele amou e serviu até suas últimas forças: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora, está reservada para mim a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a Sua vinda". As palavras com as quais ele havia nos exortado durante a sua longa vida, foram o seu próprio conforto em seus momentos finais.

Descobrimos, depois de sua partida, que ele havia realmente produzido a revista de junho! Ele tinha rotulado por engano a edição de “maio”.

Ele havia a preparado dentro dos prazos, a tempo para a sua emissão habitual em junho, ainda que tivesse sido levado para estar com o Senhor no dia 20 de maio. Ele realizou seu trabalho até o fim sem falhas. Não deixou nenhum trabalho pela metade, inacabado (Algumas dessas memórias são extraídas da última edição da Revista "The Dawn").



Extraído de um texto de Roel Velema.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Quem foi Robert Govett?


Robert Govett (1813 - 1901)


Robert Govett (Staines, Middlesex, 14/02/1813 - Norwich, Norfolk, 20/02/1901) foi um teólogo Britânico, pastor independente da Surrey Chapel, em Norwich, Norfolk, Inglaterra. Seu avô materno foi William Romaine (1714-95), um famoso pastor e evangelista do século 18, autor do livro “A Vida, Caminhada e Triunfo da Fé”. Durante os anos de seu ministério, Robert Govett se tornou conhecido por causa de sua brilhante capacidade dedutiva e analítica. Ele escreveu muitos livros. O mais conhecido foi “O Apocalipse” (1861-65). O professor Wilbur M. Smith disse sobre esse livro: “Essa é uma das mais profundas obras sobre o Apocalipse que eu conheço. Minha opinião é que ele traz em sua interpretação um conhecimento mais completo das Escrituras e sua conexão com o último livro da bíblia, do que qualquer outro autor dessa geração”.

Govett era da opinião de que as Escrituras deviam ser sempre reexaminadas e escrutinadas, quando houvesse alguma nova luz recebida. Por causa disso, com o passar dos anos, tornou-se independente em muitos dos pontos de vista denominacionais outrora adotados.

Spurgeon uma vez disse sobre Govett: “O Sr.Govett escreveu cerca de cem anos antes do seu tempo, e chegará o dia que suas obras serão entesouradas como o ouro refinado.” Ele foi cada vez mais tomado com o assunto de escatologia, e defendia a opinião de que antes da Grande Tribulação haverá um arrebatamento parcial ou seletivo, e que apenas aqueles santos dignos desse arrebatamento (as primícias) serão dignas de reinar com Cristo durante o Milênio. Ele parece ter sido um dos primeiros, se não o primeiro, a apresentar uma visão clara do tribunal de Cristo e do seu propósito em relação ao reino milenar. Assim, este é um ponto de destaque dentro da maior parte de seus escritos. Através da Escritura, ele delineia claramente a diferença entre a vida eterna, o dom gratuito que Deus dá àqueles que aceitam o preço pago pelo Seu Filho, e o prêmio, a recompensa do reino milenar, que se pode alcançar através da produção das boas obras ou frutos que emanam de uma caminhada de fé. O último dos dois é oferecido a todos os santos pelo Todo-Poderoso, mas só é dado àqueles que tenham se submetido à obra do Espírito Santo em direção à santificação pessoal.

Embora ele tenha iniciado seus deveres na Igreja da Inglaterra como um pastor anglicano, foi ao testemunhar um batismo de imersão que se tornou imediatamente convencido da sua integridade bíblica, e, posteriormente, foi assim convencido do erro do batismo infantil por aspersão. Pouco depois, renunciou ao seu cargo dentro da Igreja da Inglaterra, sem saber como iria se sustentar. Foi neste momento, depois de ter sido fiel à verdade mostrada a ele, que o Senhor interveio. E, como recompensa por sua obediência, o pastorado surgiu em uma comunhão independente em Norwich.

Eventos como estes se tornaram um ciclo que se repetiu diversas vezes ao longo de sua vida. À medida que o Senhor lhe revelava alguma nova verdade, ele respondia, na prática, corrigindo seus pontos de vista e pregando em conformidade com a revelação e luz que tinha acabado de receber. Havia poucos pontos, dentro de suas próprias crenças, que mantinha em segredo. Como resultado, em sua busca pela verdade, estava aberto a examinar a mais ortodoxa das doutrinas. Isso, algumas vezes, significava ser condenado ao ostracismo por aqueles que tinham permitido que a tradição se instalasse e assumisse o lugar onde existia a vida “do Cabeça”. Mas, Govett estava disposto a pagar o preço. Além disso, estava tão ocupado em conhecer e servir a seu Deus amoroso, que era tão vivo em sua vida de uma forma tão prática, que ele nunca se casou. Em vez disso, permaneceu fiel ao chamado sobre sua vida, pastoreando o rebanho que tinha sido dado a ele em Norwich até o momento que o Senhor achou por bem levá-lo para casa.

Há duas características predominantes dentro de seus escritos, que produziam um testemunho de alguém que tinha amadurecido em uma caminhada íntima com o Senhor. Uma delas era a sua capacidade de tomar as diversas facetas dos tipos, sombras e símbolos da Palavra e sobrepô-las, a fim de compará-las umas com as outras. Essa abordagem foi usada por ele para confirmar se seu entendimento ficou em linha com as razões e propósito de Deus. Por exemplo, se o simbolismo subjacente entrou em conflito com o que parecia ser o significado literal de uma porção da Escritura, ele tentaria resolver o conflito até resolver o problema. Assim, seus escritos são ricos nos tipos e sombras do Antigo Testamento, que ele considerava que deveriam ser aprendidas caso fosse esperada uma compreensão adequada do seus cumprimentos no Novo Testamento. A outra, era a capacidade que ele desenvolveu de entrar no sentido profético da Palavra. Este é um traço que é distintivo entre os que têm desenvolvido uma sensibilidade em seu espírito para a mente do Espírito, a tal ponto de adquirirem uma capacidade aguda de extrair da bíblia o “Rhemma” ou palavra viva.

Em sua época, ele era um instrumento usado pelo Senhor para levar as almas dos homens do leite da palavra para o alimento sólido. 

Ele pastoreou a Igreja de Surrey Chapel até sua morte. D.M.Panton foi seu sucessor. Alguns membros conhecidos da sua congregação foram Evan Hopkins e Margaret Barber. Margaret Barber se tornou conhecida como mentora espiritual de Watchman Nee.




Parte de texto do livro "Gleanings from Robert Govett" -  Sentinel Kulp.